segunda-feira, 11 de julho de 2011

Quando morrias na cruz, tua mãe estava ali

Este momento é o mistério da fé cristã com o qual o povo romeiro mais se identifica e mais alimenta sua fé e terna devoção a Nossa Senhora, sobretudo quando, em prece, reza ou canta com profunda piedade e expressivo sentimento sua solidariedade com a dor de Maria ao pé da Cruz de Jesus: Quando morrias na cruz, tua mãe estava ali!

A Nossa Senhora das Dores da Semana Santa e do mês de setembro, mês a ela dedicado em tantas dioceses e paróquias, é invocada e conhecida também como Nossa Senhora da Piedade ou Nossa Senhora as Soledade. Não há outra imagem de Maria com a qual nosso romeiro, nossa romeira, mais se identifica! A Nossa Senhora ao pé da cruz de Jesus é uma força intrínseca que perpassa a vida de todas as multidões que fazem sua romaria nos inúmeros santuários espalhados pelo Brasil, por nosso continente, pelo mundo inteiro.

O universo religioso das pessoas romeiras é povoado pela imagem de Maria solidária ao pé da cruz até o fim, solidária com seu povo na pessoa das mulheres e de João. Essa sua solidariedade desperta a presença do Filho adormecido no coração de cada pessoa e de cada povo. Para nosso contexto, atualizar a experiência de proximidade com Deus em seu mistério, através da figura de Maria ao pé da Cruz, encontra seu sentido a partir do momento em que se leva em conta, com profundidade, o mistério da Encarnação, momento em que Maria adere ao plano salvífico do Pai. De fato, ao pé da Cruz, Maria contempla o Filho crucificado pela humanidade inteira.

Para nosso povo, que transita muito mais pelos sentimentos, pelo coração, pelo afeto e pelas profundas emoções que é capaz de comunicar e testemunhar para o mundo, Maria, ao pé da Cruz, passa a ter um sentido cheio de respostas aos desejos e ao sofrimento dos nossos povos. Por isso, a função materna de Maria se dilata tanto que assume no Calvário dimensões universais, passagem inevitável para a glória da exaltação do cristo ressuscitado. Por isso, na morte de seu filho, Maria estava ali!

Texto retirado da revista de Aparecida
Escrito  pela Ir. Lina Boff, teólogo da PUC-RJ

Henrique Gomes

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