quarta-feira, 22 de junho de 2011

Corpus Christi:

Feriado ou celebração?

Ó suave e doce encanto que nossos olhos podem contemplar: Eucaristia!

Fico a imaginar o alto do Calvário, que esconde a divindade e transparece a humanidade de um Corpo ensanguentado, dolorido, macerado, silencioso. Relembro a atitude de Tomé, que mostra sua incredulidade: “Se eu não vir os sinais dos pregos, se eu não puser minhas mãos...” (Jo 20,2-29). Os incrédulos vêem um homem no alto da cruz, e não um Homem-Deus que entregou sua vida divina pela redenção da humanidade. Não veem a divindade escondida, como Tomé que não aceitou de imediato a ressurreição de Jesus. A razão que se apóia somente no experimental não descobre a presença de divindade.

Eucaristia é a entrega do próprio Cristo por nossa redenção. Esse amor redentor não tem limites e penetra ruas e praças, cidades e campos, e até o mais difícil ou generoso coração humano. O amor paixão - dor - suplício - entrega torna-se amor - ressurreição.

Eucaristia é amor que deseja encontrar-ser, e não escolhe povos e países, mas todo home e toda mulher. Eis o sentido da procissão de Corpus Christi: Ele se encontra conosco na realidade de nossa vida, onde passamos e passeamos, onde conversamos e trabalhamos: nossa cidade, nossas ruas, nossas casas. É demonstração de seu amor infinito que quer viver onde vivemos, estar onde estamos.

Esse amor verdadeiro e triunfante sobre a morte mostra-nos o quanto ele quer reerguer-nos de nossas fragilidades e incoerências. Faz-nos redescobri o valor de nossa humanidade, onde Ele quer morar e nos fazer templos santos.

Que beleza indescritível é a Festa do Corpo e Sangue de Cristo. Ruas enfeitadas pelo esforço de muitos, cantos e preces que brotam de nossos lábios, olhares contemplativos e coração fervilhante de fé, manifestam o respeito e o tamanho de nosso amor para com o Deus - Pão Vivo, descido do céu.

O que seriam nossas igrejas e nossa vida sem a presença da Eucaristia? Guardariam certamente coisas boas e preciosas, mas nada teria sentido, pois sem a mais rica Beleza de nossa humanidade, que importância tem? “Quem come minha Carne e bebe meu Sangue tem a vida eterna” (Jo 6,54). E Santo Afonso de Ligório ajuda-nos a compreender a largueza e a profundidade desse mistério de amor: “...não poder fazer nem imaginar algo mais gratificante que hospedar Cristo, pois tal é o desejo de tão apaixonado amigo. Recebe-o, ainda que não te sinta digno, pois se fosse necessário ser digno ninguém jamais poderia comungar. Recebe-o apenas com as disposições exigidas, ou seja: encontrar-te na amizade de Deus, e ter vivo desejo de aumentar o amor a Jesus”.

Aprofunde, pois sua fé no mistério eucarístico, e jamais deixe de estar em comunhão com Ele!

Pe. Ferdinando Mancílio, C.Ss.R.
Matéria reflexiva retirada da revista de Aparecida
Ano 10 Nº 111 – JUNHO 2011

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